SONHOS: A EXPERIMENTAÇÃO DE AKIRA KUROSAWA
- César Plaggert
- 14 de nov. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 13 de abr.

Sonhos é um filme longa metragem de drama/fantasia lançado no ano de 1990, dirigido pelo renomado diretor japonês Akira Kurosawa, conhecido pelos filmes Os Sete Samurais, Ran e Rashomon. O longa é dividido em oito curtas-metragens, com histórias distintas umas com as outras, baseadas nos sonhos de Kurosawa.
Sonhos é um dos últimos filme do diretor, em que Kurosawa para encerrar com chave de ouro sua vasta carreira, aplica experimentações no roteiro, direção de arte e fotografia, se diferenciando da estrutura clássica que montou nos seus antigos filmes. Sobre a experimentação do roteiro, Kurosawa ao invés de fazer um longa com uma só história, junta oito curtas-metragens com tramas distintas. Mesmo que cada um tenha sua história e ambientação, todos os curtas são ligados sobre a temática do homem e a natureza. A temática é abordada como um certo alerta sobre como nós seres humanos, depredamos a natureza sem pensar no futuro que nos aguarda, trazendo uma mensagem de que o homem tem que conviver em harmonia com o meio ambiente.

Já sobre a direção de arte, Kurosawa junto com os diretores de arte Yoshirô Muraki e Akira Sakuragi, constrói minuciosamente os cenários do filme, em que certos curtas os cenários são construídos para valorizar o meio ambiente e em outros curtas cenários surrealistas, que se relacionam com ambientes construídos nos sonhos. A ambientação que mais chama atenção no filme é do curta metragem sobre um rapaz que ao observar um quadro de Vincent Van Gogh, entra dentro dele e explora o ambiente. Neste curta, Kurosawa tem como objetivo reproduzir os quadros de Van Gogh nos planos fotográficos, por meio da construção física dos cenários ou com a tecnologia, com o fundo verde, fazendo uma bela homenagem ao pintor que tinha grande admiração. Outro ponto que chama atenção da direção de arte é a paleta de cores, sendo possível identificar a variedade de cores e tons em cada ambientação (em sua maioria em tons vibrantes), acompanhada de uma textura imagética que remete ao onírico.

Por fim, a direção de fotografia, mesmo que não seja tão experimental comparada a direção de arte, ela tem grande importância para o desenvolvimento do longa. Kurosawa junto com os fotógrafos Takao Saito, Shoji Ueda e Masaharu Ueda constrói uma fotografia majoritariamente composta de planos abertos, facilitando que o público identifique com clareza os majestosos cenários construídos pela direção de arte. Outra característica da fotografia é usar diferentes tipos de iluminações dentro do filme, variando de cenas com grande iluminação e cenas de baixa luminosidade, às vezes, sendo difícil identificar os personagens.

Conclui-se que Sonhos é o filme mais autoral de Kurosawa, no qual o diretor buscou experimentar tudo que não fez em sua carreira e aplicou no longa. O filme guarda em si um pouco da personalidade de Akira, sendo uma bela forma de se despedir do audiovisual.
Texto: César F.P. Falkenburg
Revisão: Alice Faria
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